Edifício Japurá

Eduardo Kneese de Mello

São Paulo, 1945 – 1952

edifício Japurá

texto:

Conjunto Residencial Japurá: Uma unidade de habitação no centro da cidade

O Conjunto Residencial Armando de Arruda Pereira, conhecido como Edifício Japurá, apresentado ao IAPI em 1945, pelo arquiteto Eduardo Kneese de Mello, destaca-se por ser uma experiência pioneira de produção de moradias econômicas na área central e por representar uma das primeiras aplicações do conceito corbusiano de unité d’habitation no país.

O caráter modernizador da intervenção não se limitava à influência corbusiana, com a utilização de elementos como térreo livre, teto-jardim e unidade duplex. A concepção do edifício articulou o conceito de habitação mínima com economia e racionalidade, buscando o melhor aproveitamento do solo e seu uso público. Sua promoção estava relacionada com a renovação da área central, decorrente da implantação do Plano de Avenidas, tendo substituído um dos maiores complexos de cortiços da capital paulista, situado junto ao Anel de Irradiação, fato que lhe conferiu um caráter higienizador e de controle social.

O vale do córrego Bexiga, onde o edifício foi implantado, era uma das regiões mais acidentadas do entorno do centro histórico de São Paulo. Nele foi edificada, nos anos 1920, a Vila Barros, núcleos de cortiços onde se destacava o Navio Parado, uma construção de dois pavimentos, com pequenas moradias, talvez o primeiro bloco habitacional construído no Brasil. O local era condenado pelos órgãos sanitários, com preconceito, como exemplo de um modo de morar coletivo que predominava entre os setores populares. Remover esse núcleo urbano tornou-se um desejo para as elites e para os órgãos de saúde, que enxergavam no local um foco de doenças, criminalidade e, talvez, de possíveis rebeliões, dada a forte coesão social que o caracterizava.

Embora o Edifício Japurá tenha cumprido um papel higienizador, atendendo uma demanda da “opinião pública” indignada com um aglomerado de cortiços tão visível junto ao centro renovado, ele representou uma alternativa progressista ao modelo convencional de produção imobiliária nas áreas centrais e consolidadas, baseado na segregação socioterritorial.

Embora o Edifício Japurá tenha cumprido um papel higienizador, atendendo uma demanda da “opinião pública” indignada com um aglomerado de cortiços tão visível junto ao centro renovado, ele representou uma alternativa progressista ao modelo convencional de produção imobiliária nas áreas centrais e consolidadas, baseado na segregação socioterritorial.

Nabil Bonduki Professor, Pesquisador da FAUUSP
[BONDUKI, 2014]

desenhos:

implantações:

plantas:

cortes e elevações:

unidades:

imagens:

ficha técnica:

  • Data do Projeto

    1945

  • Data de finalização da obra

    1952

  • Arquiteto/s

    Eduardo Kneese de Mello

  • Cliente

    IAPB - Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Bancários

  • Sistema de desenvolvimento

    Público - locação - Plano A do IAPB

  • Usuário

    Associados do IAPB

  • Localização

    Rua Japurá, 55 e 129 - Bela Vista, São Paulo - SP, Brasil.

  • Tipologias

    Lâmina

    Bloco

  • Área do terreno ( m2 )

    6.910 m2

  • Área construída ( m2 )

    28.248,81 m2

  • Coeficiente de aproveitamento

    4,35

  • Taxa de Ocupação

    58%

  • Número de Unidades

    310 (Construídas)

    310 (Programadas)

  • Densidade de habitações ( unidades/hectare )

    448,62

localização:

seleção bibliográfica:

  • BONDUKI, N. G. Origens da habitação social no Brasil: arquitetura moderna, lei do inquilinato e difusão da casa própria. [s.l.] Estação Liberdade, 1998.
  • BONDUKI, N. G. Os pioneiros da habitação social: volume 1 / Cem anos de política pública no Brasil. 1. ed. São Paulo: Editora Unesp: Edições Sesc, 2014. v. 1.
  • BONDUKI, N. G.; KOURY, A. P. Os pioneiros da habitação social: volume 3 / Onze propostas de morar para o Brasil moderno. 1 ed. São Paulo: Editora Unesp: Edições Sesc, 2014. v. 2.
  • BOTAS, N. A. Entre o progresso técnico e a ordem política: arquitetura e urbanismo na ação habitacional do IAPI. São Paulo: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, 2011.
  • BRUNA, P. J. V. Os primeiros arquitetos modernos: habitação social no Brasil 1930-1950. [s.l.] EDUSP, 2010.
  • NASCIMENTO, F. B. DO. Blocos de memórias: habitação social, arquitetura moderna e patrimônio cultural. Tese de doutorado—São Paulo: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, 2011.
  • REGINO, A. N. Eduardo Kneese de Mello: do eclético ao moderno. Tese de Doutorado FAUUSP. São Paulo, 2011.
  • REVISTA ACRÓPOLE. Apartamentos para Industriários. São Paulo, n°119, 1948.
  • ROLNIK, R. A cidade e a lei: legislação, política urbana e territórios na cidade de São Paulo.[s.l.] Studio Nobel, 1997.
  • SOMEKH, Nádia. A cidade vertical e o urbanismo modernizador.São Paulo, 1920-1939. Edusp / StudioNobel / FAPESP, São Paulo, 1997.

pesquisa:

  • CHC

    004

  • Pesquisador

    ?

  • Orientador

    ?

  • Período

    2015

  • Faculdade de Arquitetura e Urbanismo FAU USP